quinta-feira, 3 de maio de 2012

Prejuízo aos poupadores


A caderneta de poupança vai sofrer alterações. Esta é uma das principais notícias do momento na política e na economia nacional. Lamentavelmente, o Governo Federal vai contar com a minha reprovação neste momento específico. A única aplicação 100% garantida para o pequeno investidor não será mais totalmente previsível. Os ganhos dos novos depósitos na poupança vão variar de acordo com a taxa básica de juros, a Selic. A corda vai arrebentar para o lado mais fraco outra vez.


Isso quer dizer que aquelas pessoas, geralmente pequenos investidores, que confiam seu dinheiro para realizar um sonho (como aquela viagem nas férias, uma nova televisão, a entrada na compra de um carro ou simplesmente para fazer uma reserva financeira) estarão perdendo. Hoje, os ganhos da poupança são de 6% ao ano, mais uma Taxa Referencial (TR) de alguns décimos percentuais. Quando o Congresso Nacional aprovar as novas regras ditadas pela equipe econômica da presidenta Dilma Rousseff, a remuneração da poupança passará a ser variável, ao nível de 70% da Selic mais a TR, sempre que a taxa básica de juros ficar abaixo de 8,5% ao ano (Veja esta notícia da Folha.com).


Os trabalhadores que têm um pouco mais de informação e querem ganhos melhores, sem abrir mão da segurança do investimento, buscam outras formas de poupar dinheiro: CDBs, fundos de investimentos conservadores e Tesouro Direto, por exemplo. Porém, com a queda da taxa básica de juros, estas modalidades já estão rendendo menos do que a poupança em algumas situações. Como a meta do Governo Federal é seguir baixando os juros, a poupança virou "uma ameaça ao sistema financeiro". Neste cenário, se os investimentos se concentrarem apenas na poupança, o governo perderá os principais financiadores da dívida pública, que são os bancos, os gestores de fundos de investimento e, em menor número, os pequenos e médios investidores do Tesouro Direto.

A taxa de juros mínima histórica, 8,75%, vigorou entre julho de 2009 e abril de 2010.
Fontes: G1 e Banco Central. Link de origem

Resumindo a ópera: os banqueiros, os grandes investidores e os especuladores do mercado financeiro estão sendo privilegiados. E quem está pagando a conta são os que têm menos dinheiro e, consequentemente, menos voz. Existem outras formas de tornar os CDBs e fundos de investimentos mais atraentes, até mesmo para os pequenos investidores. Diminuir as taxas de administração dos fundos e o lucro dos bancos é a mais lógica e fácil de realizar, mas não foi levada adiante.


Recentemente, a equipe econômica do Governo determinou a queda das taxas de juros bancárias para estimular o consumo. Seria ótimo se funcionasse de verdade (Clique aqui e leia esta notícia). Peço a você, amigo-leitor, que vá ao seu banco tentar renegociar uma dívida e baixar os juros. O gerente vai te oferecer em troca um pacote de serviços que você vai pagar, não vai usar e, na ponta do lápis, sua dívida não vai baixar um centavo. Você vai ficar feliz por alguns segundos, mas o banqueiro vai sorrir por muito mais tempo.


Cortar os ganhos da poupança é um caminho irreversível. O Governo Federal já deu o primeiro passo e não vai voltar atrás. Infelizmente, o brasileiro poupador que sempre viu seu dinheiro rendendo um pouquinho a cada mês e poderia, enfim, desfrutar de uma situação melhor para si, pode diminuir suas esperanças. Vale o velho ditado: alegria de pobre dura pouco.

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