sábado, 27 de outubro de 2012

Samba Brasília 2012

Para mim, Brasília já é a Capital do Samba. Nesta terra, cultua-se o jeito mais brasileiro de fazer música. O mês de outubro de 2012 foi um marco importante para não deixar dúvidas de que aqui é o ponto onde ninguém fica parado quando ouve um repique, um tantã e um violão. O Samba Brasília foi um evento para não ser esquecido. O foco ficou no popular pagode, nas músicas românticas, teve um toque de samba-rock, encontro de gerações, um pouco de partido alto e até algumas surpresas. Eu fui, hein, e conto para vocês as minhas impressões direto do camarote, logo atrás dos dois palcos.

Perdi o show do Péricles, devido a compromissos profissionais, mas cheguei a tempo de ver o cantor Belo. Antigos sucessos da década de 1990, dos tempos da banda Soweto,foram a tônica do show. Confesso que não era o meu artista preferido mas, até por isso, foi o que mais me surpreendeu. Não foi por causa das músicas, pois já conhecia bem o seu estilo romântico (sucesso entre as pagodeiras), mas a banda. Amigo, que banda é essa do Belo! Uma percussão de encher os olhos e, principalmente, agradar aos ouvidos do amante do samba.
40 mil pessoas agitaram o Estacionamento do Mané Garrincha
Depois, um dos shows que eu mais aguardava não decepcionou. O Bom Gosto, melhor grupo de pagode da atualidade, colocou o estacionamento do Mané Garrincha abaixo. Como eu já conhecia a presença de palco do grupo e esperava um grande show, não me surpreendi. Só aproveitei. Na sequência, subiu ao palco o Sambô para dar aquela descansada nas pernas da galera. Músicas de ritmos variados adaptados ao samba. Eles poderiam fazer tranquilamente uma banda de rock, porque tem todos os atributos: Baterista nota 10, cordas afinadinhas e vocalista dando show à parte. Ponto também para a percussão. Os caras cumpriram bem o que prometeram. Belo show!
Camarote, atrás dos palcos: ao fundo, belo show do Sambô
Depois do Sambô, tive que dar um tempo para o camarote. Afinal, ia começar a histeria feminina com o Thiaguinho subindo ao palco. Já que não era o meu preferido, só ouvi da praça de alimentação. Voltei para assistir quando o Péricles dividiu o palco com o ex-companheiro de Exalta. A voz do Péricles é, sem dúvida, a melhor que o Exaltasamba já teve em sua história. Tomara que tenha muito sucesso na sua carreira solo.

Já fui com o espírito preparado para as pagodeiras teen. Com o open bar, no entanto, tudo ficou bem fácil. Àquela altura da madrugada, começava a apresentação da Turma do Pagode. Os rapazes fizeram bem a sua parte e embalaram a galera com os sucessos top nas rádios. Estava lá o fã-clube com todas as letras na ponta da língua. Destaque para a simpatia e humildade dos músicos que chegaram para conversar com o público do camarote. Para mim, a Turma foi o aquecimento para o melhor show da noite.
Regina Casé anuncia os shows da noite para esquentar a galera
Revelação! Foi a primeira vez que os vi em palco. O grupo que não reduz sua qualidade superior desde o primeiro sucesso. Na verdade, nota-se que eles não querem ser os melhores, mas são. Todos os integrantes deram a volta ao palco, dando a chance à galera do camarote de ver estes ícones do samba bem de perto. Os caras apenas deixaram acontecer naturalmente, mas o show passou na velocidade da luz. O que é bom dura pouco, mas o que é ótimo fica na memória. De quebra, um garotinho subiu ao palco pelas mãos da apresentadora do evento, Regina Casé, pegou um cavaquinho e deu um show à parte para as 40 mil pessoas presentes. Amigo, foi inesquecível!
Xande de Pilares recebendo o Salve! da galera do camarote
Se eu cansei de escrever este texto, imagina depois de 8 horas em pé ouvindo pagode e bebendo cerveja. Difícil, não? Não. Ainda tinha o Jeito Moleque que completou a pagodeira teen da noite e fechou com estilo o Samba Brasília. Ano que vem tem mais e vai ser em dois dias. Não começou a venda de ingressos, mas já estou confirmado. 

Samba! 

Brasília!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Marketing de Rede X Pirâmides Financeiras


Texto retirado do site: http://www.igpromo.com.br/artigos14.asp

Com a rápida evolução das grandes tendências atuais, percebemos que nem todas as informações estão ao nosso alcance, no sentido de acompanhar, de forma satisfatória, tal evolução, pois devido a sua grande extensão, alguns se empenham em focar num determinado assunto ou abranger um conhecimento superficial sobre questões relevantes do mundo atual. 


Sendo o Marketing de Rede, também denominado Marketing Multinível, uma nova tendência da área de Marketing, pouco foi divulgado ou feito a respeito de um estudo mais aprofundado sobre o mesmo, de forma a torná-lo um assunto de corrente divulgação entre o meio empresarial, acadêmico e social.


Atualmente, este vem se tornando um assunto relevante e de interesse também dos meios de comunicação, ao fato de que dados atuais revelam o seu crescimento e um melhor entendimento sobre a sua forma de atuação, com resultados satisfatórios. Possivelmente pelo não-entendimento da distinção entre pirâmides financeiras e Marketing de Rede, muitas pessoas se referem a ambos como sendo de mesma atuação.

Ocasionalmente, isso vem gerando ao sistema de Marketing de Rede problemas quanto a sua imagem devido à percepção que o público passa a ter a respeito deste como empresa inescrupulosa e sem ética.

Como o Marketing de Rede é uma forma de venda direta, também conhecido como Marketing Multinível ou venda direta multinível, vem-se comprovando que este é um método altamente eficiente e de sucesso para compensar os revendedores diretos pela colocação e distribuição de produtos e serviços diretamente aos consumidores.

A WFDSA - World Federation of Direct Selling Associations e as Associações de Venda Direta têm demonstrado, com os códigos mundiais de conduta, o compromisso de seus membros com práticas justas e éticas no mercado. A WFDSA, fundada em 1978, é uma organização voluntária não-governamental que representa globalmente a indústria de vendas diretas como uma federação nacional de associações de vendas diretas (Direct Selling Association - DASs).

Existem, atualmente, mais de 50 DASs nacionais que participam da federação, sendo que em 1997 as vendas globais a varejo de seus membros foram estimadas em mais de 80 bilhões de dólares, com o trabalho de mais de 25 milhões de revendedores autônomos. A WFDSA reconhece a necessidade de condutas éticas no mercado aprovando, em 1994, o Código Mundial de Conduta para a Venda Direta, o qual todas as associações nacionais precisam incluir em seus códigos nacionais. 
O Código Mundial de Conduta em Vendas Diretas traz
·         satisfação e proteção aos consumidores
·         proteção aos revendedores diretos
·         promoção de competição justa dentro dos moldes da empresa
·         representação ética das oportunidades de ganho da indústria 

O código é uma medida que visa a auto regulamentação da indústria de venda direta.
Não há leis, mas o cumprimento do código requer um nível de comportamento ético que excede requerimentos legais nacionais. 

Cabe, então, esclarecer exatamente a diferença entre pirâmide e o sistema de Marketing de Rede: 

Pirâmide Em um conceito básico, o sistema de pirâmide é um esquema de recrutamento de pessoas, gerando renda somente do recrutamento de novos membros e da cobrança de taxas, sem que nenhum produto ou serviço real seja movimentado.

Portanto, a recompensa ocorre apenas com a adição de novos participantes e com os investimentos destes, e não com a revenda ou a distribuição de produtos ou serviços com função comercial legítima. Sem sustento comercial, o número de recrutas disponíveis é finito e, aritmeticamente, recrutas posteriores possuem menor chance de enriquecer do que os promotores do esquema.

Conseqüentemente, este esquema tem vida curta, e os que por último ingressarem praticamente não possuem nenhuma chance de recuperar as suas taxas de inscrição ou de se beneficiarem com o esquema. Na falta de um produto real, tais esquemas tentam coagir as pessoas, garantindo serem empresas legítimas que operam um plano de Marketing de Rede.


Porém, os produtos de venda utilizados por este sistema não possuem nenhum valor de mercado por serem falsos certificados, programas de treinamento, assinatura de revistas, descontos ilusórios, tratamentos ineficientes e outros. As pessoas recrutadas adquirem estes produtos sem perspectivas de revenda ou possibilidade de devolução do valor pago por eles.

A evolução do Marketing de Rede, num contexto geral de Marketing, é a junção do Marketing de Relacionamento, que visa a qualidade do relacionamento com o cliente, e o Marketing Direto, que vem a ser o relacionamento direto entre vendedor e cliente. 


Portanto, o Marketing de Rede possibilita o relacionamento direto do distribuidor (vendedor) com o cliente, de forma a manter uma qualidade de relacionamento entre ambos, pois tal sistema só se consagra com a permanência de um relacionamento direto a longo prazo. 

O Marketing de Rede é um sistema de distribuição ou uma forma de Marketing que movimenta bens e serviços, do fabricante para o consumidor, por meio de uma rede de contratantes independentes.

É uma maneira de organizar e remunerar revendedores envolvidos em vendas diretas. Possui um plano de remuneração de vendas diretas no qual revendedores podem receber ganhos de duas maneiras. Primeiramente, revendedores podem receber compensações por suas revendas pessoais de produtos e serviços a consumidores.

Segundo, os revendedores podem ser remunerados pelas revendas ou compras de pessoas que ele próprio recrutou e patrocinou no plano, podendo também ser remunerado com base nas revendas do grupo ou da rede que foi recrutada e patrocinada por pessoas por ele previamente recrutadas. Portanto, é uma oportunidade para os revendedores estabelecerem o seu próprio negócio, revendendo bens e serviços e desenvolvendo e treinando uma organização ou uma rede de revendedores por eles patrocinados para fazerem o mesmo.

Sendo assim, uma companhia de distribuição multinível significa qualquer pessoa, empresa, corporação ou outra entidade de negócio que venda ou distribua um bem ou serviço por meio de agentes independentes, contratantes ou distribuidores, e tais participantes podem recrutar outros participantes.

Comissões, bônus, restituições, descontos, dividendos e outras considerações do programa são ou devem se pagas como resultado da venda de tal serviço, produto, recrutamento, ações ou desempenho de participantes adicionais. Um dos pontos-chaves para as empresas deMarketing de Rede tem sido inserir o foco no consumidor em todo o processo de desenvolvimento de produtos. Cada produto é criado e fabricado como se a empresa estivesse atendendo a um pedido de consumidor.

Por esta razão, o processo começa com uma avaliação detalhada para assegurar que o produto vai atender às necessidades e às expectativas do consumidor. Tal avaliação terá continuidade em cada estágio de desenvolvimento do produto, passando por pesquisa de mercado, análise e desenvolvimento de protótipos e testes com consumidores, até o produto final.

Tais empresas possuem uma equipe de profissionais altamente qualificados e treinados para atender às necessidades dos distribuidores, de forma a ajudá-los com todas as orientações necessárias para que o negócio se desenvolva cada vez mais. As mesmas apoiam seus distribuidores com um ativo programa de treinamento.

Além disso, os novos distribuidores recebem estímulos dos mais experientes, além de conselhos e de toda ajuda necessária para o início de suas atividades. Pouco a pouco, à medida que aprendem mais sobre os produtos, o plano de vendas e o Marketing da empresa, eles podem desenvolver os seus negócios independentes sobre uma base sólida e atingir o sucesso desejado.
Copyright 2004 - Liliana Alves Costa
Liliana Alves Costa é Mestre em Administração de Empresas, professora universitária e consultora de empresas.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre blogs e blogueiros


Escrever é, antes de tudo, um ato de doação.

Li esta frase em um dos meus blogs preferidos há algum tempo. Esta é a pura verdade. Quando criei meu primeiro blog, lá por 2004, queria só falar sobre o meu cotidiano, meus gostos ou qualquer outra coisa que me desse na telha. Mas quando eu sentava na frente do computador, lembrava de alguma pessoa que tinha encontrado horas antes e havia me dito algo do tipo: "Cara, descobri teu blog e achei muito legal."

Daí eu comecei a entender que a característica dos conteúdos na internet não podia ser tão personalista. Por isto, alguém, há zilhões de anos, criou um negócio chamado diário. Ali, as mulheres (e até alguns homens, xiii) escreviam aquilo que só interessava a eles mesmos. Já na web, há pessoas que leem e aprovam, reprovam ou ignoram o que está postado.

Esse é o âmago deste blog. Conteúdos interessantes para mim e para o meu público-alvo, principalmente os meus amigos. Os blogs que eu leio também são feitos assim: assuntos específicos, com alguma informação, muita interpretação e opinião bem postada. Era exatamente aí onde eu queria chegar.

Não visito blogs porque são confiáveis. Não visito porque são críveis. Não visito para me informar. Eu entro lá para ler, buscar opiniões, vários lados da mesma história. Enfim, para conhecer o contraditório. É até comum eu ler blogs com opiniões totalmente contrárias às minhas, apenas para fugir das armadilhas de quem pensa estar certo sobre tudo. Nada melhor do que uma opinião contrária, bem fundamentada, para nos fazer refletir sobre um assunto, mudar nossa visão ou correr atrás de reforçar nossos argumentos.

Então, amigos, é com muito orgulho que eu sentencio: aqui neste blog você não achará a verdade. Porém, também não encontrará mentiras. O que se escreve aqui é simplesmente a minha visão sobre assuntos que me chamam a atenção e têm algum interesse aos meus amigos e visitantes ocasionais.

A propósito, gostei de escrever sobre isso.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Não nos deixeis cair em prestação!

Gostaria de ter tido aulas de Educação Financeira no colégio. Recente pesquisa da Proteste Associação de Consumidores mostrou que as famílias brasileiras comprometem 42% da renda com dívidas e, a maioria delas, está nesta situação porque não sabe como lidar com o dinheiro. As pessoas que têm pouca renda, cerca de um salário mínimo, fazem contorcionismo para sobreviver, é verdade. Mas os demais são vítimas da própria falta de planejamento. 

Notícia do G1 - Famílias comprometem 42% da renda em média com dívidas, diz pesquisa

Notícia do Portal IG - Brasileiros têm entre 11% e 50% da renda comprometida

Está na mente das pessoas que o caminho da dívida, do financiamento, das "suaves prestações", é o único para realizar seus sonhos de consumo. Até o ano passado, eu era um destes. Sonhava com o dia em que financiaria por 500 anos um apartamento para chamar de meu e fugir do aluguel. Até que, numa passada rápida pelo Boulevard Shopping, vi um livro na vitrine da Saraiva que me chamou a atenção. Estava escrito na capa: Investimentos À Prova de Crise.

O preço do livro era convidativo, comprei e comecei a ler naquela dia. Com a didática impressionante do autor, Marcos Silvestre, aprendi que há outros caminhos financeiros bem menos dolorosos do que pagar juros eternamente para os banqueiros milionários do nosso país. A principal mudança de pensamento é que "investimento é o que te dá juros, o que te cobra juros se chama dívida".
Os livros não trazem fórmulas mágicas, mas ensinamentos úteis para educar o bolso. Foto: Blog da Virada Link de Origem

Não tive dúvidas e comprei o outro livro do mesmo autor: 12 Meses Para Enriquecer - O Plano da Virada. Agora, você deve estar pensando: "Xi, deu Síndrome de Tio Patinhas no Tiagão... Virou um avarento!" Nada disso, amigo-leitor. Enriquecer, para mim, não é ter muito dinheiro (muito menos, ficar milionário). É, apenas, viver com liberdade, boa qualidade, ter controle sobre o próprio dinheiro e não deixar que ele te controle. Saiba que apenas não empobrecendo, nem devendo à toa, você já está enriquecendo. Afinal de contas, quando valorizamos o nosso ganho honesto, estamos valorizando o nosso próprio trabalho. Nada mais justo, não é mesmo?

Boa parte dos amigos que visitam este blog são de classe média (ou estão a caminho), tiveram oportunidade de estudar e tem vários sonhos a realizar, estou certo? Como acertar na Mega está difícil, só ralando bastante para chegar lá. Não tivemos Educação Financeira no colégio para nos ajudar nessa caminhada, então, cabe a nós mesmos correr atrás do tempo perdido. Não é tarde para aprender. Se achar um desses livros que citei aqui na Saraiva, Leitura, Cultura, Livraria da Mente e outras, dá uma lida porque vale o investimento. 

Se não encontrar, dá para ouvir as dicas, em pílulas, no site do autor: Blog da Virada. 

Não conheço pessoalmente o professor Marcos Silvestre. Porém, quem me conhece sabe que não tenho medo de indicar e elogiar quem eu admiro pelo trabalho. Da mesma forma, não piso no freio antes de criticar os enganadores de plantão. Então, aproveitem a dica, amigos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Vou pra Porto... Tchau!


Deu pra ti, baixo astral. 

Sair de Brasília, de vez em quando, é bom. Adoro esta cidade onde moro, e da qual sinto o maior orgulho, mas conhecer lugares novos, pessoas novas, realidades novas é algo indescritível. Sempre que volto a minha República de Santa Maria, passo obrigatoriamente por Porto Alegre (ainda não existe voo direto BSB-SM, por pura falta de visão estratégica das cias aéreas hehehe), mas minhas duas últimas viagens pelo céu do Brasil foram para outros Portos admiráveis.

Em abril, conheci Porto Velho, capital de Rondônia. Uma cidade simpática, com ares de interior, porta de entrada para a Floresta Amazônica e fora dos roteiros das agências de turismo. Quem aí lembra da minissérie Mad Maria, que contou a história da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré? Esta ferrovia histórica para o país completou 100 anos em 2012 e pude ver no Centro Histórico de Porto Velho, o que ainda resta dos trilhos e vagões desta obra faraônica, que nunca teve como dar certo.
Estação da centenária e inativa Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

O passeio de barco no Rio Madeira também é interessantíssimo, com vista para botos e jacarés na água, além da polêmica construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. A culinária, claro, é baseada em pescados, bem preparados, temperados e uma boa pitada de sal no preço, mas vale a pena. Sem contar, é óbvio, que revi minha grande amiga Sofia Lampert, ao lado de sua garbosa família (Gostaram do "garbosa"?).
Quem vem comigo nessa barca?

Nem todo Porto é Velho, mas precisa ser Seguro. Ao sul da Bahia, ao lado de onde Cabral chegou ao Brasil, está uma parada obrigatória para quem ainda não conhece o Nordeste. Uma cidade que chama sua principal via central de Passarela do Álcool não podia ficar fora dos meus roteiros. Ao contrário do que muita gente pensa, Porto Seguro não é só uma cidade de baladas. Quem quiser pode pode passar ótimos dias em uma praia da orla norte, calma, com ondas baixas e água clarinha, sem sinal de axé e funk.
Porto Seguro: história, axé, capoeira e vistas sensacionais

Mas quem for do time do agito, prepare as cartelinhas de Engov. As barracas de praia tem luaus agitados de segunda a domingo. A Ilha dos Aquários, por exemplo, é espetacular. Além dos óbvios tanques de peixes, cinco ambientes musicais dão o tom, sempre puxando a brasa para o baianíssimo axé e o arrocha, que segue com força por aquelas bandas. Os solteiros devem tomar cuidado com a "pedofilia", porque o que mais tem nas festas é novinho do terceiro ano, comemorando a formatura do Ensino Médio antes do fim do ano letivo. O ponto alto é a Praia do Espelho. Acredite: ao vivo é mais bonito do que na foto.
Praia do Espelho - Bahia. Demora para chegar, mas vale a viagem

Passei em Porto Seguro uma semana inesquecível e, em Porto Velho, um feriadão surpreendente. Esse grande chavão de que turismo no exterior é mais barato do que no Brasil não me pertence. Até porque não viajo para fazer compras, viajo para conhecer culturas, lugares, pessoas e trazer boas lembranças. A viagem mexe o corpo, o cérebro e traz boas histórias que tiram este blog da inércia.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A Hora da Voz do Brasil

Na abertura do 26º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), anunciou que colocará em votação, na próxima semana, a proposta que flexibiliza o horário de A Voz do Brasil. O projeto será aprovado por ampla maioria de votos, já que o movimento pró-flexibilização é muito forte por parte de diretores e comunicadores de importantes emissoras de rádio do país. 


A questão colocada neste texto é: a quem realmente interessa a aprovação deste projeto? Ao ouvinte de rádio? Aos próprios diretores que encabeçam o lobby? Ou ao mercado publicitário? Até agora, os argumentos que ouvi favoravelmente a esta flexibilização são provincianos, superficiais e parecem ser a ponta de um iceberg de interesses. Além disso, a forma como são colocadas as opiniões é altamente falaciosa e antidemocrática.


Leia a notícia
Marco Maia promete votar flexibilização da Voz do Brasil 

Fonte 'Agência Câmara de Notícias'


Para começar, é dito que A Voz do Brasil é um resquício da ditadura. De fato, o programa de rádio mais antigo do Brasil começou a ter veiculação obrigatória em 1938, durante o Estado Novo, regime autoritário do então presidente Getúlio Vargas. Por si só, isto não é um defeito. Basta lembrar que a Lei do Salário Mínimo, a Consolidação das Leis Trabalhistas, a criação da Justiça do Trabalho, o direito de greve dos trabalhadores e o voto feminino também surgiram nessa época. A data de nascimento não pode definir o caráter de quem quer que seja, ainda mais de um programa que presta serviço a todo o país.


Também repete-se, a todo momento, que A Voz do Brasil atrapalha a transmissão de eventos, como jogos de futebol, que ocorrem entre 19h e 20h. Todos que acompanham futebol sabem que os horários das partidas obedecem aos critérios das emissoras de televisão, que detêm os direitos de transmissão. Por que a Confederação Brasileira de Futebol têm tanta consideração com as novelas da TV e esquece que as rádios também têm suas obrigações de programação? É óbvio que está se encontrando o culpado errado pelo problema: as tabelas e os organizadores das competições é que são desfavoráveis às emissoras.


CBF ignora a programação das rádios na elaboração das tabelas de jogos.
Fonte: Site da CBF. Link de Origem


Este levante, repetido nos programas das rádios e levado às redes sociais, nasceu nas principais emissoras dos grandes centros do país. São cidades que movimentam um número expressivo de campanhas publicitárias e o horário de A Voz do Brasil é cada vez mais cobiçado. Não é necessário um grande poder de análise para perceber quem serão os maiores beneficiados com a mudança de horário que será aprovada na Câmara (e não sejamos ingênuos, é apenas o primeiro passo). O movimento que tenta calar a Voz omite que as emissoras são, na verdade, concessões públicas e uma hora diária na programação é um espaço justo para o poder público prestar contas à população.


Nessa história, o ouvinte é quem não tem muito a ganhar. Passei quase toda a vida morando em cidade do interior e, cada vez que viajo a uma nova localidade, a primeira que faço é ligar o rádio. Assim, posso afirmar com alguma experiência: Voz do Brasil é um programa mais bem editado e apresentado, e com informações mais relevantes do que a grade jornalística inteira de 95% das rádios do Brasil. Somente as grandes emissoras do país, uma minoria, têm condições de cobrir a política em Brasília como a população merece. O que dá na Voz é a manchete dos jornais do dia seguinte ou, às vezes, esquecido pelas editorias e escondido do público.


A Voz do Brasil tem conta no twitter com 31 mil seguidores.
Maior audiência do programa é no Nordeste e Centro-Oeste.
   

A palavra de ordem na gestão pública do século XXI é transparência. Os que ainda 
acreditam na força do veículo rádio deveriam aproveitar a chance de acompanhar todos os dias, em AM e FM, o que os três poderes da República têm a nos dizer. Ao invés disso, só se ouvem vozes conduzindo o povo a um movimento que visa acabar com essa ferramenta. A Voz do Brasil é cidadania. É o ministro prestando contas para o ouvinte, é o deputado e o senador defendendo as ideias do seu eleitor, é o judiciário decidindo os direitos e deveres legais de cada um de nós. E, no dia em que isso não acontecer mais, o rádio perderá um contato direto para qualquer brasileiro cobrar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O coração, a aposta e o salário dos servidores públicos


"O coração tem razões que a própria razão desconhece." Esta é a frase mais famosa do filósofo, físico, matemático e teólogo francês Blaise Pascal. Ele também é o autor da Aposta de Pascal, uma sequência de argumentos favoráveis à existência de um Deus cristão, que diz mais ou menos o seguinte: "Se Deus existir e você acreditar Nele, ganhará o Paraíso. Se Ele não existir, não ganhará nem perderá nada. Mas se você não acreditar e Ele existir, então você queimará no fogo do inferno. Logo, vale a pena 'apostar' na existência de Deus."


Esta argumentação filosófica é definida como "falso dilema", pois só apresenta duas possibilidades possíveis: a existência ou não do Deus cristão, com chance de acerto de 50%. Jamais, Pascal admite a existência de algum outro Deus catalogado na gama de religiões praticadas no mundo ou de alguma outra divindade suprema que o homem desconheça. A intenção clara do filósofo é persuadir as pessoas a crerem no "Deus certo", no caso, o Deus dele.


O falso dilema é muito usado nas nossas discussões diárias, com o objetivo de confundir o outro e fazê-lo aceitar o nosso argumento, dizendo coisas do tipo: "São oito ou 80"; "É agora ou nunca"; "Ou você vai para o céu ou vai para o inferno".


Chegamos a uma época em que as informações estão disponíveis de tantos modos, que podemos checar, em instantes, a veracidade de qualquer coisa que nos seja dita. A Lei de Acesso à Informação é mais um passo firme a caminho da transparência no Brasil e um golpe que machuca muito quem vive de privatizar o que é público. Agora não há dúvidas: a qualquer momento, você pode solicitar a sua prefeitura, governo estadual, federal ou qualquer outro órgão público, quanto foi gasto em saúde, em educação, nas obras da Copa, quantos funcionários são contratados por concurso público ou terceirizados, etc.


Lei de Acesso à Informação entrou em vigor em 16 de maio deste ano.
Reprodução: http://www.acessoainformacao.gov.br/


No entanto, uma questão que monopoliza boa parte da mídia e não tem repercussão espontânea correspondente na opinião pública é a divulgação nominal dos salários dos servidores públicos. Virou uma nova bandeira nacional nos sites e jornais com a seguinte inscrição: "Este é um mito a ser derrubado" ou "Se não divulgar os salários nome-a-nome, haverá apenas meia transparência". 


Doutores argumentam que o patrão (povo) tem o direito de saber quanto o funcionário (servidor público) ganha. Se essa regra for seguida à risca no serviço público, além do salário haveria de se divulgar também o endereço de cada servidor, afinal o patrão tem o direito de saber onde o funcionário mora. Também seria divulgado, por esta lógica, que horas o servidor sai e chega em casa, afinal o patrão precisa saber se o funcionário está cumprindo sua carga horária. O problema dessa tese é que as cidades com maior número de servidores públicos são as capitais. Elas possuem sérios problemas de segurança pública, onde o sequestro-relâmpago é um dos crimes que mais cresce. Não é difícil prever que esta lista nominal de salários interessaria bastante aos criminosos e seria logo chamada de "cardápio dos sequestradores", garantindo vítimas em potencial para o ano inteiro.


A discussão se torna um falso dilema imposto à sociedade quando diz que se o órgão divulga nominalmente o salário dos servidores, logo ele é transparente; caso contrário, é porque ainda não evoluiu a este ponto. Vamos fazer um teste prático. Acesse agora os links abaixo e veja com seus próprios olhos as listas completas de servidores e de salários do Senado Federal:


(clique, leia com calma e volte em seguida)
Lista de servidores: http://www.senado.gov.br/transparencia/secrh/LAI/todos_pdf.pdf
Lista de remuneração (páginas 9, 10 e 11): http://www.senado.gov.br/transparencia/SECrh/QuadroPessoal_e_EstruturaRemuneratoria.pdf
Espaço para o cidadão requerer informações no Senado Federal.
Reprodução: http://www.senado.gov.br/transparencia/formtransp.asp 


Se você, cidadão que paga os seus impostos em dia e contribui para um Brasil melhor, acha que essas informações são suficientes, então pensamos igual, pois percebemos que há formas de se exercer plenamente a transparência sem expor qualquer indivíduo a um perigo desnecessário. Caso contrário, se você ainda acha pouco, tudo bem, apenas não caia nesta nova Aposta de Pascal.


O Brasil tem problemas que a própria população desconhece. Porém, as informações mais importantes para cada brasileiro não estão nos contracheques dos servidores públicos.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A partir de agora, também Editor


Fui escolhido pelo chefe de edição da Rádio Senado, Rogério Dy La Fuente, para integrar o quadro de editores da emissora. Desde o início desta semana, acumulo as funções de locutor, que exerço há mais de um ano, com a edição do radiojornal Senado Notícias - 2ª Edição, no ar de segunda a sexta-feira às 22h, e do toque informativo Senado em Dois Minutos, de segunda a sexta-feira às 21h, com reprise a 1h e 5h.


Já sentia falta de editar programas de rádio, uma das atividades com que mais me identifico no radiojornalismo. Acompanhar a cobertura dos fatos do dia pela equipe de reportagem e elencar todo o material por ordem de importância é um trabalho gratificante. O editor é quase um engenheiro do jornalismo. Ele, literalmente, planeja e executa o noticiário, com o objetivo de levar as informações ao ouvinte, de forma com que não restem dúvidas sobre o conteúdo. E, além da forma simples, objetiva e direta, o conteúdo tem que ser o melhor e mais relevante do dia.


Eu venho da escola gaúcha de rádio, onde os principais noticiários ainda são as sínteses noticiosas, com o principal fato ao final da edição, e os programas mais extensos têm forte caráter opinativo do âncora e/ou comentaristas. Aqui a situação é diferente: os jornais de rádio substituem os compactos com reportagens mais aprofundadas e o apresentador dá o ritmo do programa com a sua locução.


Está sendo o meu reencontro com o texto jornalístico para rádio que aprendi com os meus professores de Santa Maria, tanto os da academia quanto os do mercado de trabalho. Agora, divido meu tempo entre a vitrine (vidraça, na verdade) da locução, com os bastidores da edição. Não sei qual é o melhor. Logo, o melhor é ficar com os dois.


Para quem não conhece, este é o site da Rádio Senado.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Achados e perdidos


Você já se pegou alguma vez nesta dúvida: "Será que eu me perdi? Será que este é o caminho certo?" Pode acontecer numa estrada, rua, calçada, caminhando, dirigindo, como passageiro, não importa. Às vezes, bate aquela insegurança sobre o caminho que se está seguindo.


As soluções parecem simples. Se você já sabe que é por ali mesmo que deve seguir, vai adiante, confia no seu mapa, no seu GPS (físico ou mental), no seu instinto. Mas se você está em dúvida e acha que o caminho escolhido pode ter virado uma aventura perigosa, o melhor é pegar o primeiro retorno e voltar para o seu chão seguro. O perigo é perceber que o retorno está muito longe ou, pior, que não há retornos.


Sim, este novo caminho, que gerou aquele estalo na cabeça "Será que eu me perdi?" pode não ter volta. Se a situação é essa, meus amigos, o que se tem a fazer é seguir viagem. Está aí a grande graça da vida: escolher os melhores caminhos para nós e aprendermos com os que não são tão bons. Dar passos atrás (ou marcha a ré) nem sempre é retrocesso, assim como a incerteza de agora pode trazer uma recompensa pela coragem de seguir em frente.


Já me perdi algumas vezes, geralmente quando fiz um caminho pela primeira vez. Já voltei atrás para me encontrar e já segui em frente em estradas pouco iluminadas. Nenhuma dessas situações é confortável, admito. É nessas horas que o meu GPS (Grande e Poderoso Samba) me guia. Assumo a direção, ninguém na carona, 80km/h (radares por todo lado) e o cd player nos diz: "Que pena; Que a primavera não é só de flores; Nem a vida só de amores; Rolam pedras nos caminhos; Mil pedaços de carinhos; Que nos fazem tropeçar, tem dó."


DF-003 EPIA - Estrada Parque Indústria e Abastecimento
Fonte: Site Clica DF


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Prejuízo aos poupadores


A caderneta de poupança vai sofrer alterações. Esta é uma das principais notícias do momento na política e na economia nacional. Lamentavelmente, o Governo Federal vai contar com a minha reprovação neste momento específico. A única aplicação 100% garantida para o pequeno investidor não será mais totalmente previsível. Os ganhos dos novos depósitos na poupança vão variar de acordo com a taxa básica de juros, a Selic. A corda vai arrebentar para o lado mais fraco outra vez.


Isso quer dizer que aquelas pessoas, geralmente pequenos investidores, que confiam seu dinheiro para realizar um sonho (como aquela viagem nas férias, uma nova televisão, a entrada na compra de um carro ou simplesmente para fazer uma reserva financeira) estarão perdendo. Hoje, os ganhos da poupança são de 6% ao ano, mais uma Taxa Referencial (TR) de alguns décimos percentuais. Quando o Congresso Nacional aprovar as novas regras ditadas pela equipe econômica da presidenta Dilma Rousseff, a remuneração da poupança passará a ser variável, ao nível de 70% da Selic mais a TR, sempre que a taxa básica de juros ficar abaixo de 8,5% ao ano (Veja esta notícia da Folha.com).


Os trabalhadores que têm um pouco mais de informação e querem ganhos melhores, sem abrir mão da segurança do investimento, buscam outras formas de poupar dinheiro: CDBs, fundos de investimentos conservadores e Tesouro Direto, por exemplo. Porém, com a queda da taxa básica de juros, estas modalidades já estão rendendo menos do que a poupança em algumas situações. Como a meta do Governo Federal é seguir baixando os juros, a poupança virou "uma ameaça ao sistema financeiro". Neste cenário, se os investimentos se concentrarem apenas na poupança, o governo perderá os principais financiadores da dívida pública, que são os bancos, os gestores de fundos de investimento e, em menor número, os pequenos e médios investidores do Tesouro Direto.

A taxa de juros mínima histórica, 8,75%, vigorou entre julho de 2009 e abril de 2010.
Fontes: G1 e Banco Central. Link de origem

Resumindo a ópera: os banqueiros, os grandes investidores e os especuladores do mercado financeiro estão sendo privilegiados. E quem está pagando a conta são os que têm menos dinheiro e, consequentemente, menos voz. Existem outras formas de tornar os CDBs e fundos de investimentos mais atraentes, até mesmo para os pequenos investidores. Diminuir as taxas de administração dos fundos e o lucro dos bancos é a mais lógica e fácil de realizar, mas não foi levada adiante.


Recentemente, a equipe econômica do Governo determinou a queda das taxas de juros bancárias para estimular o consumo. Seria ótimo se funcionasse de verdade (Clique aqui e leia esta notícia). Peço a você, amigo-leitor, que vá ao seu banco tentar renegociar uma dívida e baixar os juros. O gerente vai te oferecer em troca um pacote de serviços que você vai pagar, não vai usar e, na ponta do lápis, sua dívida não vai baixar um centavo. Você vai ficar feliz por alguns segundos, mas o banqueiro vai sorrir por muito mais tempo.


Cortar os ganhos da poupança é um caminho irreversível. O Governo Federal já deu o primeiro passo e não vai voltar atrás. Infelizmente, o brasileiro poupador que sempre viu seu dinheiro rendendo um pouquinho a cada mês e poderia, enfim, desfrutar de uma situação melhor para si, pode diminuir suas esperanças. Vale o velho ditado: alegria de pobre dura pouco.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Atitude reprovável


Achei perdido um texto que escrevi no dia 6 de julho de 2007, na forma de editorial, para uma disciplina durante a faculdade. Como a minha opinião sobre este assunto não mudou de lá para cá, compartilho-a agora com os amigos:

Atitude reprovável

A Universidade Federal de Santa Maria permite aos seus alunos a opção de ter diferentes matrículas em mais de um curso de graduação. A medida não é comum em outras instituições públicas de ensino superior que, igualmente, são financiadas pela sociedade. Já as faculdades particulares apoiam esta iniciativa dos seus estudantes, através de descontos nas mensalidades.

O estudante que admite carecer de uma formação acadêmica mais completa ou se interessa por diversas áreas do conhecimento pode cursar disciplinas em outros cursos, além do seu de origem. Esta opção é viável e não onera os cofres públicos. Já uma nova matrícula na UFSM, mesmo coberta com os louros da aprovação no concurso vestibular, perde seu valor ético e não faz bem à sociedade. O investimento público, neste caso federal, que poderia ser feito em outro aluno é acumulado em um indivíduo pouco preocupado com o bem alheio.

Dúvidas sobre a escolha da futura profissão também podem influenciar na busca por uma nova área de estudo. Ainda longe do ideal, a UFSM oferece a Feira das Profissões que auxilia os candidatos, mesmo os universitários, na difícil decisão. Este modelo já superou com larga vantagem os ultrapassados testes vocacionais.

O critério simplista da aprovação no vestibular é posto em cheque mais uma vez. A oportunidade de ocupar mais de uma vaga na mesma universidade federal é um convite ao individualismo e um desafio às tentativas de democratização do ensino no país. Clóvis Lima*, (ex) Reitor da UFSM já afirmou, mais de uma vez, que este processo é injusto. A consciência de nossos acadêmicos pode torná-lo um pouco menos.

*Quando o texto foi escrito, Clóvis Lima ainda era o Reitor da UFSM.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

"A história do samba"


Quando o Exaltasamba anunciou show em Brasília em maio de 2011, eu não pensei duas vezes: comprei um ingresso em um dos melhores lugares do estacionamento do Estádio Mané Garrincha, que sediou o espetáculo. Fui e curti muito, afinal teve abertura do Sambô, só para quem estava no camarote, além do som contagiante do Jamil. Tudo isso apenas esperando o grupo de Thiaguinho, Péricles e outros músicos, que foram importantes para o pagode no Brasil nas décadas de 1990 e 2000. Porém, como a maioria dos grupos de sucesso nacional, o vocalista Thiaguinho resolveu seguir carreira solo, numa empreitada que, até hoje, só deu certo para Alexandre Pires.


Os fãs do grupo ficaram tristes com a notícia, inclusive aqueles que, como eu, acreditam que a melhor fase do Exalta foi nos anos 90, quando as músicas chamavam mais a atenção do que o cantor. A questão que eu discordei muito nessa história não foi tanto a separação total do grupo que, ao que parece, não vai mais voltar. O problema mesmo foi uma declaração infeliz, daquelas que a gente ouve e só tem a reação de ficar quieto e balançar a cabeça negativamente. O cantor Thiaguinho, de história meteórica no pagode, afirmou categoricamente que "mudou a história do samba".


HÃ??


Além do show do Exalta, eu também tive a felicidade ver, no ano passado, as apresentações de Arlindo CruzDiogo Nogueira e Leci Brandão aqui na Capital Federal. Nas vezes em que Paulinho da Viola, Dudu Nobre e Roberta Sá estiveram aqui, não consegui ingresso, provando que o povo brasiliense tem bom gosto e muita rapidez (hehehe). 


Arlindo, Diogo, Leci, Paulinho, Dudu e Roberta pertencem a um time que Thiaguinho não faz parte, só ele não vê assim. Para mudar a história do samba, meu caro, tem que fazer samba, o que é muito mais do que rebolar e arrancar gritinhos das fãs espremidas na frente do palco. A imagem que coloquei aí em cima mostra alguns daqueles que são a história do samba. O ex-vocal do Exaltasamba só mudou a sua própria história: usou sua voz e talento para passar de um mero participante do programa Fama, da Rede Globo, a um emergente do pagode romântico com músicas muito dançantes. Esta é a diferença.


O show de Diogo Nogueira foi um dos melhores de 2011 para os sambistas de Brasília
No camarote, com a grande Leci Brandão


Thiaguinho tem talento de sobra para, um dia, ajudar a construir a história desse ritmo amado por tantos. Não foi à toa que eu fui no seu show sem pensar duas vezes. Na carreira solo, ele pode se dedicar ao samba, com uma nova banda e novo repertório. Porém, eu duvido que isto aconteça e o vocalista deve continuar sendo mais um pagodeiro do Brasil, no sentido mercadológico da palavra. Se ainda não ficou clara esta diferença básica, eu uso a frase de um grande amigo meu, o roqueiro Ciro Oliveira, que afirmou o seguinte:


"O pagode mexe com o teu corpo. O samba mexe com a tua alma".

quinta-feira, 29 de março de 2012

Opinião


Em novembro de 2007, participei da Oficina de Jornalismo da Rádio Guaíba em Porto Alegre, sob orientação da jornalista Sinara Félix, com outros 11 estudantes de faculdades de Jornalismo gaúchas. Eu era o único representante do interior do Estado e aproveitei muito a oportunidade. Durante uma semana, conhecemos as estruturas da Assembleia Legislativa do RS, das autoridades policiais da Capital, da cobertura esportiva em um grande clube de futebol e todo o funcionamento da emissora, através de encontros com jornalistas e radialistas. Um destes encontros foi com o âncora Rogério Mendelski, de larga experiência no jornalismo gaúcho e dono de opiniões fortes e polêmicas, sobretudo na política. Há quem o ame e quem o odeie, mas quase todos o ouvem.


Nesta palestra, prestei bastante atenção na fala do jornalista e, com a curiosidade de um formando, perguntei: "- Mendelski, quando tu decidiste se dedicar ao jornalismo opinativo?" Obviamente, ele sempre se interessara por este modo de se expressar, mas um fato o fez definir o rumo da sua carreira. A minha memória não consegue resgatar as palavras exatas ditas há quase cinco anos, mas a história se tratava de um candidato a vereador em Porto Alegre, de origem humilde e querido por todos, cuja história Mendelski acompanhou. Porém, depois de eleito, o vereador em questão mudou completamente o seu jeito de ser, perdeu a simplicidade, ganhou empáfia e deixou, literalmente, que "o poder lhe subisse à cabeça".


Turma da Oficina de Jornalismo da Guaíba 2007 com Rogério Mendlski.
Sim,eu era magro.
Eu não pertenço ao time dos comentaristas e analistas. Pelo contrário, prefiro lidar com a informação e a notícia para que o público tire as suas próprias conclusões sobre os diversos assuntos. Porém, quando presencio alguns fatos, deixo aqui para os meus amigos o que eu penso sobre eles. Nossa lei maior, a Constituição Federal de 1988, nos garante a livre expressão, sendo vedado o anonimato. Aqui, todos sabem quem sou e que só opino sobre assuntos que considero relevantes e tenho bom conhecimento. 


Para quem conheceu meu blog recentemente ou para os velhos amigos que estão com tempo livre para relembrar, coloco abaixo os links para os meus principais textos opinativos publicados neste blog.


Leiam! Concordem! Discordem! A democracia é marca do blog.

A importância do noticiário local - Quando uma rádio onde eu trabalhei em Santa Maria estava prestes a fechar, escrevi este texto em tom de protesto que ajudou, inclusive, no meu trabalho de conclusão de curso na UFSM.

507 a 0 - A Universidade Federal de Santa Maria aprovou em 2007 a implantação do sistema de cotas no seu vestibular. As opiniões na época demonstraram claramente o quão retrógrada é parte da sociedade santa-mariense. Também marquei posição.

Be my Sky - Foi mais protesto do que opinião contra a minha operadora de TV a cabo.

Não recomendo - Seria cômico se não fosse trágico. Essa frase pode resumir este texto onde, com bom humor, eu detono o pior hotel em que já me hospedei.

A corrida pelo diploma - Aproveitando o fato de trabalhar dentro do Poder Legislativo, coloquei minha opinião sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício do Jornalismo, tema que está em discussão no Congresso Nacional.

Capital do Samba - Dentro do assunto que me dá mais prazer, escrevi sobre a evolução do samba na Capital Federal, conhecida por ser a "capital do rock". Cariocas que visitam Brasília deixam claro que a qualidade do samba cantado, tocado e dançado aqui cresce cada vez mais.

Clube do quê? - Texto sobre a minha decepção em uma roda de samba, na verdade uma boate com samba, de Santa Maria. Fui surpreendido por um público frio na pista e um teatro no palco. Meu coração escreveu e 250 pares de olhos leram a minha opinião.

Samba é no boteco - Ainda sobre o meu ritmo preferido, postei as minhas andanças por rodas de samba Brasil afora e fiz um resumo elogioso dos meus lugares preferidos.

A vitória do Ctrl C + Ctrl V - O carnaval de rua de Santa Maria me rendeu a mais recente opinião polêmica deste blog. Como se trata de "uma cidade média, com problemas de cidade grande e mentalidade de cidade pequena", os criticados mais uma vez se incomodaram e, é claro, se chocaram.

terça-feira, 20 de março de 2012

A vitória do Ctrl C + Ctrl V


Unanimidade. Duzentos pontos, nenhum décimo perdido na apuração. Superioridade incontestável. Assim foi o desfile da campeã do carnaval 2012 de Santa Maria, Barão de Itararé. Todos concordam que a disparidade foi muito grande da vencedora para as outras sete concorrentes. Mesmo assim, a polêmica sobre o resultado continua porque as fantasias que encantaram a todos nas arquibancadas e nas imagens divulgadas eram de segunda mão. Todas haviam sido usadas no carnaval de Uruguaiana pela escola Unidos da Cova da Onça, campeã naquela cidade, e foram confeccionadas no Rio de Janeiro.


Até hoje, o carnaval de Santa Maria passou por diversas fases, tendo inúmeros destaques no passado e outros tantos no presente. O desfile deste ano abriu novas portas. Um caminho parecido com o que foi adotado por Uruguaiana, onde o carnaval fora de época virou a principal atração turística da cidade devido a sua beleza estética, profissionalismo dos diversos setores e alto investimento do poder público. Porém, Santa Maria ainda carece de apoio da prefeitura (que é muito acanhado), dispõe de "amadores" (porque não recebem pelo trabalho) na maior parte dos setores das escolas de samba e toda a beleza trazida neste carnaval foi simplesmente copiada de outro desfile, mesmo com enredos diferentes.


Ala da escola de samba Unidos da Cova da Onça, de Uruguaiana.
Foto: Site Samba Sul. Link de Origem


Uma apresentação de escola de samba é composta por várias áreas e julgada por alguns quesitos independentes. Não contam apenas a beleza e o luxo, embora sejam as partes que mais chamam a atenção do público, mas também qualidade do samba, bateria, harmonia, evolução e, principalmente, na minha opinião, a história (enredo) bem contada


A mesma fantasia na escola de samba Barão de Itararé, de Santa Maria.
Foto: Ronald Mendes/Agência RBS. Link de Origem


Como carnavalizar uma história com as mesmas fantasias ou alegorias que já foram usadas em outro enredo? Como alguém que desfila vestido da mesma forma pode significar duas coisas diferentes em dois desfiles? A criatividade não conta mais em uma escola de samba? Qual a função de um carnavalesco: desenhar, montar e dirigir a apresentação do seu enredo ou utilizar a obra de outros e remendar uma história que já foi contada?


Nestes meus 26 anos de idade, é claro que não tenho respostas definitivas para estas perguntas, mas tenho minhas opiniões formadas, depois de dispender um tempo considerável como “amador” da folia. Creio que a simples cópia de outros desfiles, por melhores que eles sejam, não representa a verdadeira evolução do carnaval de Santa Maria. Nós temos material humano competente para elaborar um ótimo resultado na Avenida Liberdade. É claro que queremos e precisamos dar muitos passos à frente e cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Uruguaiana, por exemplo, têm muito a nos ensinar


Então, o melhor é ter humildade e aprender. Fazer excursões para barracões e ateliês, participar de oficinas, trazer os melhores profissionais de fora durante o ano para passarem adiante as suas experiências, adquirir materiais de primeira linha para a confecção de fantasias e carros alegóricos mais impactantes, criativos e resistentes. Parece difícil, pois requer trabalho e esforço de muita gente. Já está provado que copiar e colar na Liberdade é muito mais fácil, frio, calculista, dá títulos e enche os olhos de quem vê. Por outro lado, nada se compara a um carnaval criado em casa com qualidade superior no trabalho e um toque a mais de emoção. Não basta ter taça no armário, tem que ser campeão na vida para fazer assim.