quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A corrida pelo diploma






Todas as crianças e adolescentes sonham com a faculdade. É como um marco zero para a vida adulta e responsável, parte fundamental dos seus futuros, dos seus destinos. Mesmo aqueles meninos que batem bola nos campinhos e querem ser craques do futebol (ir para a Copa, para a Europa...), pensam, em sua inocência, também em entrar na Universidade. Geralmente, é um sonho herdado da vontade dos pais, de que seus filhos tenham um futuro decente, honesto e de sucesso. De preferência, melhor do que os próprios genitores tiveram.


Oito (agora, nove) anos de Ensino Fundamental, mais três de Ensino Médio, vestibular(es). Você chega lá! Lista de aprovados, faculdade, colegas, um novo mundo, novas histórias, o seu mundo, a sua história. E você se forma. Recebe o diploma e quer exercer a profissão que, embora possa ter sido escolhida com as dúvidas normais de adolescentes, o conquistou.


Mas todas as aulas, aprendizados, projetos, programas de rádio e TV feitos em aula (alguns até melhores que da mídia profissional, dizem os colegas) e teorias que embasam o nosso fazer jornalístico... Tudo aquilo foi considerado pela mais alta corte jurídica do país, o Supremo Tribunal Federal, como "sem especificidade", algo "criado na Ditadura Militar para cercear a liberdade de expressão". Qualquer pessoa pode ser jornalista. A exigência do diploma é insconstitucional, decidiram oito dos 11 ministros do STF, em 17 de junho de 2009. Um discordou e dois se ausentaram.


Você, é claro, sabe o valor do seu aprendizado, adquire tantos outros conhecimentos no dia-a-dia da profissão. Coloca em prática o que foi ensinado pelos professores (nem tudo, sabemos) na ralação do fechamento do jornal, radiojornal, telejornal, webjornal, e/ou no envio do release antes desses fechamentos. Todos os dias a especificidade do jornalismo nos é apresentada pelas fontes que não atendem, pelo furo dado pela concorrência, pelo pagamento atrasado dos frilas, pelos nossos furos e barrigas, pelas barrigas da concorrência, pelas pautas que caem e surgem e ressurgem, não necessariamente nessa ordem nem na hora que a gente quer, pelos feriados e domingos decorativos no calendário.


Os argumentos práticos não foram suficientes para sensibilizar os magistrados. Aliás, foram ignorados por eles. Deram dois passos atrás na (in)evolução da história, desvalorizando o ensino superior brasileiro e rebaixando o nível de uma profissão que tem a confiança da maioria esmagadora da população, sendo fundamental para o fortalecimento da democracia. Os reflexos não demoraram a surgir. A profissionalização do jornalismo no interior do Brasil sofreu um golpe sensível. Gestores da mídia de fora dos grandes centros do país mantiveram os salários abaixo do piso conquistado pelos sindicatos, porque se o profissional formado não aceitasse, outro jornalista aceitaria a oferta e "exerceria sua liberdade de expressão", como preconizou o doutor Gilmar Mendes.


O cúmulo foi quando as prefeituras de Cabedelo, na Paraíba, e Guaratinguetá, em São Paulo, ofereceram vagas para jornalista em seus concursos públicos com remuneração de um salário mínimo. A diferença é que a cidade paulista exigiu diploma dos candidatos, enquanto o município paraibano pediu o Ensino Médio.


Houve reação no Poder Legislativo. Se a Suprema Corte, decidiu que a exigência do diploma é inconstitucional, deputados federais e senadores decidiram mudar a Constituição Federal, no caso, emendá-la. As Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 33/2009, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), e 386/2009, do deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS), objetivam restituir a obrigatoriedade do diploma para o cidadão virar jornalista.


As propostas preveem a manutenção da liberdade de expressão a qualquer brasileiro. Existe a figura do colaborador, seja ele cronista, articulista ou comentarista, que poderá expor suas ideias e/ou fazer comentários na sua área de interesse/especialidade, de acordo com a política do veículo de comunicação. 


Nesta quarta-feira (30/11/2011), o Senado aprovou a PEC 33/2009 em primeiro turno. Foram 65 votos favoráveis à proposta e sete contrários. Os senadores precisam aprovar em mais uma votação e o projeto seguirá para a Câmara. Enquanto isso, a PEC 386/2009 está pronta para ser votada pelos deputados. O caminho ainda está no início, mas os legisladores deram o seu primeiro recado sobre este assunto polêmico.


A corrida pelo diploma, na verdade, é uma maratona, e vai além dos bancos universitários. Alguém vai desistir antes da reta final?


LEIA TAMBÉM: Senado aprova em primeiro turno PEC que exige diploma a jornalista

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Louco é quem me diz e não é feliz

Louco. Pelas ruas, ele andava. O coitado chorava. Transformou-se até num vagabundo.

- Que problema eu vou colocar nessa pesquisa? Como eu vou pesquisar sem ter um problema? Por que o problema é um problema tão grande?

- E o tema? A notícia. Não, não, a cobertura radiofônica política. Tá, então, a notícia no radiojornalismo político. Tsc, tsc, nada disso. Depois eu penso, vamos adiante.

- Comer de 3 em 3 horas. Comer de 3 em 3 horas. Ler nessas 3 horas do meio. Ler bastante até achar um tema e um problema. Mas não posso atrasar, senão a reeducação alimentar vai para o espaço. Aí eu vou ter um problema.

- O almoço tem que ser em pequenas quantidades. O prato é grande, encher o prato é uma tentação. Então, enche de alface. Ah, Santo Alface! Viva a reeducação alimentar.

- Entrar no estúdio às 17h e ficar até às 19h. Ancoragem de sessão plenária. Que horas mesmo eu almocei? E que horas eu teria que comer de novo? E depois? Uma fruta, duas frutas, três frutas. Diferentes. Pelo jeito, o esquema das 3 horas começa amanhã.

- Olho na TV. Olho no microfone. Atenção ao roteiro: quem é o presidente? Quem está na tribuna? Operadooooor, abre o microfone! Em Brasília, 17h24min, você acompanha ao vivo a sessão plenária desta segunda-feira...

- Jornalismo Político, Franklin Martins, Editora Contexto. Apostila da Pós. Onde eu deixei? Tá lá na salinha, só dá pra ler depois que sair do estúdio ao vivo. Olho na TV. Olho no microfone.

- Mas e o problema? Que problema? Eu não tenho problema, agora eu tenho fome. O esquema das 3 horas foi para o saco. Talvez amanhã.

- Talvez tenha A Voz do Brasil ao vivo. Com certeza, tem aula de samba de gafieira. Depois, passar no mercado e comprar peito de peru, queijo mussarela, cacetinho. Ops, é pão francês na língua deles.

- Esse PC começou a dar pau. Pelo menos, está salvando o post, mas é capaz de alguma frase ficar pela met

domingo, 20 de novembro de 2011

Minha simples, forte, brava homenagem ao 20 de novembro


Temos a cor da noite 
Já desejamos liberdade
Lutamos para ver o clarão da igualdade
E para termos ar, luz, razão


SOMOS NEGROS
Homens simples, fortes, bravos
E há cinco séculos ajudamos a construir na raiz
Este gigante chamado Brasil

Coisas que só acontecem no meu prédio

Eu tentava dormir nesta madrugada e tinha um sonho estranho com lutas de UFC. Eu, que nem sou tão fã assim desse esporte, estava na arquibancada assistindo os combates.


De repente, acordei assustado. Gritos assustadores vinham do andar de baixo (ou de cima, não sei):


- VAI, SHOGUN! ISSO GAROTO! ARREBENTA ELE, SHOGUN! 


Eram várias vozes berrando para o prédio inteiro ouvir. Isso às 2h30min! Só voltei a dormir às 5h, somente às 5h. Eu disse às 5h


Portanto, se você é fã de UFC, beleza. Se você é contagiado pela emoção das lutas de UFC, maravilha. Se você é amante de um lutador de UFC, não tenho nada a ver com isso. Mas, por favor, não perca o bom senso ou será punido a morar no octógono do inferno ouvindo Anderson Silva cantando Leãozinho, do Caetano Veloso, por toda a eternidade. Era isso!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vontade multiplicada

Parece que o mês de novembro me deu muita motivação.

Voltei a escrever no blog, estou dizendo para mim mesmo que a academia agora é para valer, o samba de gafieira segue a mil, estou levando a pós-graduação muito mais a sério e até estou cuidando da alimentação, comendo mais verduras (alface, no caso) e tal.

Algum pessimista pode me lembrar que eu já fiz isso várias vezes, com duração máxima de sete dias para cada uma dessas atitudes alvissareiras, mas sigo com uma ponta de otimismo nesta minha nova mudança.

Estou convencido de que cumprir tudo isso pode me fazer melhorar bastante, em vários aspectos. Até porque, não teria nem começado se não me sentisse atraído por estes desafios. O blog, por exemplo, é uma ótima forma de "falar" com os meus amigos espalhados aí no meio desses 7 bilhões de estranhos.

O samba de gafieira, a maior mudança, a grande revelação, o improvável. Sim, hoje eu sei dançar. Já se vão 6 meses no Centro de Dança Alex Gomes e muitos passos aprendidos. O durão, que só sabia fazer "dois pra lá, dois pra cá", agora já se arrisca no Bar Brahma com cruzado e puladinho.

Na academia, são algumas horinhas de cadeira flexora, extensora, supino, esteira e bike ergométrica para queimar as calorias da feijoada do Brahma e dar uma tonificada nos músculos de um sedentário. Até agora, consegui dor, muita dor nos braços e pernas, mas vai passar.

Mais alface no prato, correndo, pedalando, com samba no pé e, futuramente, especialista em Jornalismo Político. Daqui a alguns meses, voltarei com a série Diário de um Monografista, sucesso de público neste blog nos idos de 2007/2008. O curso é a distância, muito bom por sinal, e vai abrir bastante os horizontes deste radialista e jornalista que trabalha na cobertura diária do Legislativo federal.

Vamos ver se o que está aqui é verdade? Começamos contando em quanto tempo eu escrevo aqui de novo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não recomendo

Tomara que você, amigo-leitor, não esteja comendo nada agora. Primeiro, porque comer em frente ao computador não é muito saudável. Tu não vais nem sentir o gosto do alimento e só vai prestar atenção nos textos, imagens, gráficos, vídeos, etc... Segundo, porque a história que eu vou contar é meio escatológica. E verídica!

Estivera eu planejando um fim de semana no Rio de Janeiro. A agenda prometia: feijoada da Mangueira, escolha do samba-enredo da verde-rosa para o carnaval 2012, um giro por rodas de samba cariocas e, quem sabe, até uma prainha. Entre tudo isso, algumas (bem poucas) horinhas de sono. Aí é que morou o problema.

Entrei no site http://booking.com/ e procurei um hotel baratinho para passar o findi e achei um bem no centro da cidade, perto do metrô e de caixas eletrônicos. Pelas fotos, era bem ajeitadinho e com precinho camarada. Enfim, perfeito.

Cheguei no dito hotel no início da madrugada de sábado e me deram a chave de um quarto no 10º andar. Fiquei 5 minutos tentando abrir a porta, acendi a luz, olhei a cena na minha frente e pensei: "Putz, deve ter até barata nesta várzea!" Quase acertei. Na escala de nojeira, tinha teias de aranha há muito cultivadas no ar condicionado, chão totalmente sujo, cobertas da cama empoeiradas, armários inutilizáveis e um dos piores banheiros que já vi.

Mesmo assim, eu relevei. "Já estive em situação pior", pensei, tentando lembrar alguma delas. Antes de conseguir, deitei na cama e dormi com o despertador marcado para às 7h. Levantei e percebi que o serviço de limpeza tinha deixado aquele quarto de lado já há algum tempo, porque nem toalhas havia lá. Com paciência de Jó, pedi a toalha na recepção e, depois, fui ao café da manhã. As moscas na cesta de pães tiraram a minha fome. Provei o suco, mas não passei do segundo gole.

Decidi só entrar no hotel de novo para tomar banho e dormir (de preferência, pouquísimas horas, menos que o planejado). E, assim o fiz. Só tirei fotos das coisas boas, que estão lá no facebook e no orkut. Não volto mais nesse antro e não recomendo a você, amigo-leitor, o Center Hotel, que fica na Avenida Rio Branco, 33 - Centro - Rio de Janeiro-RJ.