segunda-feira, 5 de maio de 2008

Almas inquietas

Permita-me falar um pouco (só dessa vez) de mim. Cheguei à conclusão de que quanto menos meu corpo se movimenta mais minha mente viaja. Não, não, nada de filosofia. Só que esse meu período de desemprego e recessão financeira me fazem lembrar de bons e maus momentos desse que escreve e seus personagens.

Enquanto esse corpo deita na cama, levanta, come, vai ao mercado, vê televisão, estuda para um concurso público, liga e desliga o computador, ouve Itapema, Universidade, Atlântida, Medianeira, Guarathan e Imembuí, a mente que pouco trabalha reserva-se para reviver... A alma refaz caminhos, repete frases, muda as vírgulas e reescreve finais.

Minhas férias mais longas foram de 1º de fevereiro de 1986 a 5 de março de 1992, meu primeiro dia de aula. Desde lá, até agora eu sempre tive menos de três meses para não ter o que fazer, mas com a expectativa presente de que mais um ano de atividade intensa me esperava. E nesses 16 anos estudantis nasceu Tonhão Aragão: um cara que ia no bonde da Camisa 12 e torcia pelo Inter até perder a voz, mas que há mais de um ano não aparece pelas bandas do Beira-Rio. Tonhão gostaria de ter sido mais colorado enquanto podia.

Surgiu Banlieue (periferia, em francês): uma versão “Primeiro Mundo” do Tonhão, com participação em blog e tudo mais. Ele teve grandes decepções na vida, perdeu várias batalhas, mas diz que seria capaz de fazer tudo de novo. Com ele, não fiz retrô porque ele se recusou, apenas disse: la raison de plus fort est toujours la meilleure. Seu maior feito foi ter entrado na equipe do Sporrus Literarius.

Também apareceu o “Príncipe de Joinville”, glorioso membro da Família Real do Condado de Porra Nenhuma, mais um blogueiro que se decepcionou com a profissão. Ele não se conforma com o fato de estarmos totalmente no vermelho. Se ainda fosse no Mar Vermelho, com sua divisa entre as placas tectônicas Africana e da Arábia, mas não: é o Extrato Vermelho, com sua divisa entre o desespero e o suicídio.

Sinceramente, não sei mais o que fazer. Como puderam ler, eu omiti o que estou pensando nesse período recluso na Cohab. Tonhão Aragão, Banlieue, Príncipe de Joinville e eu não temos coragem nem de mostrar que estamos desde janeiro sem nada para fazer e as expectativas quase zeraram. Imagina se o José, do MSN Spaces, estivesse aqui. Ia estar chorando o pobre coitado. Ele foi o autor das melhores histórias do meu antigo blog, mas não existe mais.

Vou ficar ausente desta página por mais um tempo, até tomar um rumo (ou uma cerveja, o que vier primeiro) na vida. Quem ainda quiser ler algo interessante desse cara aqui, sem dinheiro, sem trabalho, sem lenço e sem documento, mas com alma inquieta e orgulho de não ter celular, acesse: www.kzuka.com.br/bonsdeblog