domingo, 20 de agosto de 2006

Cotidiano V – TIAGO MEDEIROS CAMPEÃO DA AMÉRICA

Foi o dia mais feliz da minha vida. Dezesseis de agosto de dois mil e seis. Eu, entre 55 mil pessoas, acompanhei uma vitória inesquecível do meu time do coração. Parti da Catedral, com muita fé no Colorado – para mim, uma religião – e recebi apoio em cada esquina, em cada rua, além de vaias dos secadores e muito vento no rosto.

Foram 290 Km de muita esperança até a capital dos gaúchos. Renovei minha confiança a cada bandeira colorada, que tremulava nas casas, e a cada conhecido que encontrei pelo caminho. Ao contrário das excursões passadas, embriaguei-me apenas pelos gritos da torcida. A tropa santa-mariense do Exército Vermelho estava pronta para combater os Bambi Troops.

Em Porto Alegre, estação derradeira, paramos ao lado do Gigante. A fila para ver o espetáculo resistiu duas horas, até que eu consegui vencê-la. Ao passar pelo Portão 8, avistei a arquibancada tomada de futuros campeões. Não havia lugar para mim. Fui para a minha posição cativa dos jogos de Quartas-de-Final e Semifinal. Contrariei as leis da física e ocupei o mesmo espaço que três mulheres, como se estivera no Tancredão das 18h. Juiz e equipes no campo, vai começar.

Sangue. Era necessário muito mais que vontade e qualidade técnica para vencer. Torcida, sorte e atenção triplicada seriam fundamentais para São Paulo e Inter. O palco da batalha era nosso, 55 mil contra três mil deles na platéia. A tradição era do inimigo, três títulos contra nenhum nosso. Mas Academia do Povo só tem uma, chama-se Inter, e lembre que nas veias Coloradas corre sangue latino e que, feliz é quem tem um coração alvirrubro para valer.

Suor. Nada vai nos separar, Inter. Ainda mais se tiveres guerreiros como os que lutaram na Batalha do Beira-Rio. De Clemer até Rafael Sóbis, com apoio de Michel e Ediglê, sob o comando do general Abelão. Todos correram e comeram a bola, como se fora a coisa mais importante de suas vidas. Eliminamos o campeão do mundo, com um jogador a menos em campo, e ficamos com a taça.

Lágrimas. Não havia como se conter. Estádio lotado, título inédito, tudo isso ao alcance dos meus olhos. Precisava de uma emoção deste tamanho, com magnitude 10 na escala cardíaca. Fernandão levanta a taça, é de verdade, Inter, Inter, nós somos campeões da América. Festa, gritos, volta olímpica, Abel em prantos, torcida também, conquista inesquecível, história para gerações futuras lembrarem.

Colorado, somos todos teus seguidores, do bairro Menino Deus até Yokohama. És Campeão da América, Dono do Continente, Patrão Latino, Melhor do Hemisfério Sul, Glória do Desporto Nacional, vivo a te exaltar. Para sempre te amarei, Internacional, orgulho meu e da América!

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