segunda-feira, 26 de junho de 2006

Cotidiano III - DE ONDE MENOS SE ESPERA

A Campanha do Agasalho reservou algumas surpresas esperadas. Como assim? Bom, já haviam me falado que as pessoas mais humildes doariam mais. Acreditei. Porém, quando constatei, fiquei emocionado. O primeiro bairro visitado, pela caravana sul da nossa campanha, foi o Parque Dom Antônio Reis. A elite econômica da zona sul mora lá.

Logo no início, os meninos do BOE Mirim, incansáveis crianças, conseguiram muitos agasalhos, superando a zona oeste e a leste com folga. Resolvi passar por uma rua pequena, sozinho, em busca de doações. Casas suntuosas marcavam o local. Em meio a elas, uma casa humilde, nos fundos de um pátio mal cuidado. No portão, que quase caía, uma senhora negra, aparentando quarenta anos, segurava uma sacola.

Na hora, pensei: "Os mais pobres são os que mais doam". Por outro lado, lembrei: "As outras casas estão fechadas, não é possível que esta senhora tenha doação. É viagem minha. Vou passar reto..." Viagem mesmo foi ter passado isso pela minha cabeça. Fui lá: "A senhora tem doação para a Campanha do Agasalho?" Ela me entregou a sacola e voltou sorridente para casa. Ali, havia várias roupas para bebê.


E foi assim, em todo o trajeto. Um homem que foi do Parque Dom Antônio Reis até a vila Tomazetti atrás da caravana, para doar agasalho. Um senhor que tirou a jaqueta do corpo para juntar às doações de sua esposa, na vila Quitandinha. Foi a melhor coisa que já fiz na rádio onde trabalho. Até apelidei, durante a transmissão, de Estação da Solidariedade.

No fim, a zona sul foi a que mais arrecadou, vencendo
por menos de 100 agasalhos a zona oeste e por mil a região leste. Os vencedores serão os mais carentes da cidade que irão receber mais de oito mil agasalhos arrecadados na nossa campanha e outros milhares que a prefeitura já arrecadou. Agradeço à cidade por esta experiência ímpar.

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